26 janeiro 2024

Para Além da Pele: Eczema e o Impacto na Vida Diária

leitura 7 min

 

  Sob a recomendação do dermatologista, Dr. Paulo Morais, viva bem com a sua pele.


Já ouviu falar de Dermatite ou Eczema Atópico? 

Se ainda não sabe bem a que nos referimos, saiba que a Dermatite Atópica já foi até capa da revista VOGUE! A iniciativa na revista de moda procurou destacar e desafiar estigmas e preconceitos relacionados com esta condição de pele, que além de afetar a aparência, esta doença inflamatória crónica, carrega o estigma errado de ser contagiosa e refletir uma suposta falta de cuidado.

A Dermatite Atópica é uma narrativa complexa, onde a genética, fatores ambientais e a propensão a alergias se entrelaçam, influenciando não só a pele, mas também a vida quotidiana. Por isso, este não é apenas um artigo sobre manchas vermelhas e comichão, mas sobre a importância de cuidados diários, prevenção precoce e tratamentos adequados para melhorar a saúde da sua pele.


O Eczema Atópico: Um Mistério Cutâneo

A pele é o nosso maior escudo contra o mundo, o maior órgão do ser humano. Mas o que acontece quando a pele se revolta? Imagine uma comichão incessante que afeta principalmente os mais pequenos, mas também os adultos. Isto é o eczema atópico.

Para Além da Pele: Eczema e o Impacto na Vida Diária

A nossa pele precisa da quantidade certa de "hidratantes naturais". A pele normal produz uma película oleosa para se proteger, enquanto a pele atópica não o faz. Esta função é conhecida como a "barreira cutânea" ou "função de barreira" da pele. Mas se esta estiver comprometida, a secura da pele pode levar a alergias e estados de irritabilidade, criando manchas vermelhas e comichão (eczema).

O eczema atinge 15 a 20% das crianças com menos de 7 anos, e com taxas a aumentarem a cada ano. Pode desaparecer por volta dos 5 anos, mas, para alguns, é um visitante persistente até à adolescência e idade adulta. A genética e a propensão a alergias entram nesta história, afetando 10 a 20% da população.

O eczema não fica apenas na pele, interfere na qualidade de vida. Como? Afeta a escola, o sono, a autoestima, causando frustração e ansiedade. 


Como saber se tenho Dermatite Atópica? Sintomas e Características

Para Além da Pele: Eczema e o Impacto na Vida Diária

Aqui estão os sintomas mais comuns para que possa identificar:

  • Secura extrema da pele 
  • Comichão e vermelhidão
  • Inflamação da pele
  • Escamas ou crostas
  • Dor
  • Fissuras e descamação da derme
  • Alterações na cor da pele 
  • Aparecimento de bolhas ou vesículas
  • Irritação e vermelhidão à volta dos olhos
  • Aumento da sensibilidade a produtos ou elementos irritantes.

Se tiver algum destes sintomas, pode estar a sofrer de pele atópica. No entanto, se tiver dúvidas, recomendamos consultar um dermatologista para as resolver e indicar o tratamento adequado.


Prevenção desde a Infância e Estratégias Inovadoras

O prurido, mais conhecido como comichão, torna-se um ciclo irritante. É, por isso, preciso cuidados e estratégias para reduzir substancialmente a probabilidade de eczema, como usar emolientes logo nas primeiras semanas de vida ou para quebrar esse ciclo, de forma rápida e eficaz, como recorrer à água termal calmante com frequência.

Os números evidenciam a necessidade de consciencialização,  mas encontrar um médico que compreenda bem esta condição é um desafio. Neste contexto, reforçamos a confiança nesta luta e contamos com o Dermatologista Dr. Paulo Morais para explorar o universo da dermatite atópica, mais conhecida como eczema atópico, e descobrir estratégias para manter a nossa pele feliz e saudável.

  • Porque é que algumas pessoas têm eczema desde pequenas? Qual o tratamento mais adequado nestes casos? 

Embora se possa manifestar em qualquer idade, o eczema atópico surge habitualmente na infância, tendo início no primeiro ano de vida em 60% das crianças e nos primeiros 5 anos de vida em aproximadamente 90% dos casos. O desenvolvimento da doença em crianças pequenas decorre da interação entre predisposição genética, defeitos da barreira epidérmica, disfunção imunológica, alteração do microbioma cutâneo e fatores desencadeantes ambientais. 

Os princípios gerais do tratamento do eczema atópico nesta faixa etária, e que devem ser transversais a qualquer idade, incluem a melhoria da barreira cutânea, eliminação dos fatores desencadeantes, educação e participação ativas dos pacientes e familiares, e tratamento das lesões inflamatórias.

ara Além da Pele: Eczema e o Impacto na Vida Diária

Os hidratantes devem ser aplicados diariamente, de forma a melhorar a função da barreira cutânea, aumentar a hidratação, reduzir a xerose, o prurido e a inflamação, e diminuir a necessidade do uso de agentes anti-inflamatórios. Devem conter poucos ingredientes, conservantes bem tolerados e ser livres de fragrâncias e sensibilizantes.

O banho deve ser curto e em água morna, devendo ser utilizados óleos de banho, syndets ou sabonetes com pH fisiológico, suaves e hipoalergénicos. Para controlo das agudizações da doença podem ser necessários dermocorticóides de baixa ou média potência, ou inibidores da calcineurina tópicos. Nas formas graves a terapia tópica deve ser associada aos medicamentos sistémicos.

  • Qual a relação das bactérias na pele com o eczema? 

Uma das caraterísticas do eczema atópico é a disbiose cutânea, com perda de diversidade bacteriana, havendo aumento de algumas bactérias na pele inflamada e redução da densidade de outras. Um aspeto típico é a maior colonização por Staphylococcus aureus, que é encontrado na pele lesionada em mais de 90% dos doentes. A quantidade de S. aureus aumenta na composição do microbioma cutâneo durante as crises, e a gravidade das lesões de eczema está associada à densidade da colonização por esta bactéria na pele. O S. aureus desempenha um papel importante na patogénese da doença, produzindo diferentes tipos de toxinas (superantigénios) capazes de induzir e manter uma reação inflamatória crónica. Por isso, as medidas para reduzir a colonização por esta bactéria são essenciais, diminuem a gravidade da doença e correlacionam-se com a melhoria clínica. 

  • Há diferença entre o tratamento do eczema nos bebés, crianças e adultos? 

O tratamento do doente com eczema atópico deve ser individualizado e, por isso, deve ter em conta variáveis como a idade do doente, a capacidade de adesão, as preferências do paciente, a extensão da doença, a localização e tipo de lesões, a presença (ou não) de sobreinfeção, as comorbilidades e a resposta a tratamentos prévios. Tendo em conta a segurança e via de administração dos fármacos e a caraterística variabilidade na morfologia e distribuição das lesões nas diferentes faixas etárias, resulta claro que os tratamentos efetuados num bebé sejam diferentes dos realizados num adulto.

  • Além de tratamentos tópicos, quais as principais recomendações que podem aliviar o desconforto causado pela dermatite atópica? 

Além dos medicamentos tópicos, úteis nas crises, são essenciais medidas basilares e de alívio do desconforto, incluindo: 

a) aplicação diária de hidratante imediatamente após o banho (pelo menos duas vezes por dia), podendo ser usados produtos com ação apaziguante/calmante adicional; 

b) utilização de roupa larga, leve, sem etiquetas, de algodão ou fibra misturada com algodão suave, não sendo recomendável o uso de tecidos ásperos, sintéticos ou lã diretamente sobre a pele; 

c) evicção de cosméticos com álcool, fragrâncias ou adstringentes e de produtos de banho agressivos, secativos ou que façam demasiada espuma; 

d) utilização de um humidificador em casa para manter a humidade do ar e manutenção de uma temperatura moderada;

e) evicção de temperaturas extremas, mudanças rápidas de temperatura, hipersudorese e exposição à poluição ambiental, fumo de tabaco, pó, areia e cloro;

f) redução do stress emocional e da ansiedade.

  • Existem tratamentos novos para o eczema que não aliviam apenas os sintomas, mas também ajudam a evitar recidivas? 

Atualmente estão disponíveis ou em fase de estudo novas substâncias tópicas, tratamentos orais ou injetáveis para o eczema atópico que permitem manter o doente livre de sintomas e de recidivas de forma mais eficaz e duradora. São terapias emergentes os inibidores tópicos da fosfodiesterase-4 e inibidores tópicos da Janus kinase (JAK), bem como novos e promissores tratamentos sistémicos, como os imunobiológicos injetáveis e os inibidores de JAK orais. 

Dispomos de experiência acumulada com a pomada de tacrolímus que, após tratamento da exacerbação do eczema (tratamento reativo), pode ser utilizada duas vezes por semana de forma profilática para evitar as recidivas (tratamento proativo).

Por outro lado, a aplicação disciplinada e diária do hidratante em todo o tegumento, por si só, é uma estratégia essencial na prevenção das crises de eczema. Adicionalmente, uma nova geração de produtos denominados de “hidratantes bioativos”, que incorporam substâncias com capacidade de melhorar a barreira cutânea, reequilibrar o microbioma cutâneo e aliviar a inflamação, o prurido e a xerose, podem ser uma mais-valia na evicção das agudizações da doença.

  • Além de afetar a pele, o eczema também pode influenciar o estado emocional. Como devem os pais lidar com as crianças e adolescentes, para garantir o seu bem-estar? 

Se considerarmos a complexidade do eczema atópico, a sua cronicidade, sintomatologia e terapêutica, torna-se perceptível a sua associação a alterações comportamentais, emocionais, da autoestima e do sono nas crianças afetadas, bem como a um impacto negativo na qualidade de vida dos doentes e seus familiares.

Para Além da Pele: Eczema e o Impacto na Vida Diária

Em famílias com crianças com eczema a capacidade de coping é um fator determinante no não desenvolvimento de disrupção familiar significativa, sendo necessária habilidade dos pais para: a) compreender o sofrimento, desconforto ou mal-estar físico e emocional que a doença possa causar; b) desenvolver relações de apoio e afeto com os seus filhos; c) oferecer suporte emocional e incentivar a comunicação aberta sobre os sentimentos; d) lidar com confiança com os problemas comportamentais das crianças; e) incentivar a rotina de cuidados de hidratação e higienização; f) garantir a adequação de vestuário, alimentação e ambiente livre de gatilhos da doença; g) fornecer acesso a grupos de apoio, psicoterapia, técnicas de terapia comportamental e/ou técnicas de relaxamento. Estas medidas contribuem para uma gestão bem-sucedida da doença a longo prazo e para a maximização do bem-estar das crianças e adolescentes afetados.


Soluções Certificadas, Orientação Profissional, Compromisso com a Saúde

Embora não exista cura para a pele atópica, existem tratamentos da dermatite que ajudam a controlar os sintomas e a prevenir as crises. Ao disponibilizar produtos clinicamente testados, a SweetCare oferece soluções certificadas e acesso a cuidados personalizados, sob a orientação profissional de farmacêuticos, que vão além da estética, atendendo às necessidades dermatológicas específicas de cada um. Leia também na aqui artigos auxiliares na gestão do eczema atópico.

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